Boletim Diário

29/05/2020

Mercado Externo

Soja recua com renovação das tensões comerciais entre EUA e China

Os contratos futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) registraram queda nesta quinta-feira em decorrência da escalada das tensões comerciais entre EUA e China e expectativas de que algumas áreas que não foram plantadas com o milho sejam destinadas à oleaginosa nos EUA.

Em meio a troca de farpas entre a Casa Branca e Pequim sobre a nova lei de segurança nacional imposta pela China a Hong Kong, os traders temem que a corrente comercial de soja entre as duas maiores economias do mundo volte a ser objeto de barreiras tarifárias. Para tanto, o robusto fornecimento de soja brasileira a China é vista como uma ameaça.

Temores também pairam sobre a demanda doméstica estadunidense. Com a estabilização do mercado de etanol nos EUA, o DDG deverá voltar a disputar espaço com soja entre os insumos para produção de ração. Nesse contexto, o farelo de soja arrefeceu e tocou suas mínimas em mais de 12 meses.

O calendário mais apertado para o cultivo do milho pode fazer com que áreas que precisariam ser replantadas nos EUA se destinem a soja, uma vez que oleaginosa permite a semeadura na fase final da primavera.

Dólar

Série negativa do dólar é interrompida

Na contramão do seu desempenho na comparação com as divisas mais líquidas do mundo, a moeda estadunidense registrou forte elevação em relação ao real nesta quinta-feira, quebrando a sequência de seis sessões consecutivas com variações negativas. Desta vez, apesar dos dados positivos do mercado internacional de câmbio, o cenário político-econômico doméstico pesou contra o real.

O otimismo gerado pela diminuição do número de contagiados na Europa e Ásia, flexibilização das medidas de quarentena e novos pacotes de estímulos aprovados pelas suas autoridades monetárias se sobrepuseram às renovadas tensões comerciais entre EUA e China. Tal perspectiva se provou no segundo recuo consecutivo do índice Dollar Index Spot, que saiu dos 100 pontos e para 98, nos últimos dois dias.

Esse arrefecimento da divisa não significou redução da aversão ao risco em relação ao Brasil. A crise interinstitucional protagonizada pelo Judiciário e Executivo certamente não colabora com o aumento da confiança do investidor sequer para o aporte especulativo de curto prazo, quem dirá investimentos produtivos de longo prazo. Pior que isso, ainda serve de motivação para ataques especulativos contra a moeda brasileira, hoje sem suporte de uma taxa de juros que estimule “carry trades”.

Sem alterar o pano de fundo negativo do mercado doméstico, a pesquisa PNAD Contínua do IBGE mostrou o fechamento de mais de 5 milhões de postos de trabalho com carteira assinada no último trimestre em relação ao trimestre anterior e elevação de 1,3 pontos percentuais da taxa de desocupação a 12,6% no Brasil.

Mercado Interno

Prêmios firmes e alta da taxa de câmbio garantem novos ajustes positivos

O caminho de elevação dos preços foi retomado na maioria das praças pesquisadas pela IEG FNP nesta quinta-feira. Apesar do recuo de Chicago, a escalada da taxa de câmbio e, sobretudo, dos prêmios portuários ofereceram suporte às cotações.

No mercado disponível e a termo para vencimentos mais curtos, o que limitou a elevação da liquidez foi mesmo a reduzida quantidade de soja que não foi comercializada ainda. Vigor da demanda externa não faltou, visto que os prêmios para o vencimento de agosto, por exemplo, chegaram ao recorde de US$ 1,40/bushel nas praças com estoques mais apertados.

Com isso, o Brasil definitivamente terá que importar volumes dos seus vizinhos sul-americanos, no segundo semestre, para abastecer suas indústrias. Mesmo num ano em que a demanda doméstica foi afetada pela pandemia de COVID-19, a oferta nacional pode ser insuficiente para abastecer todos os players.

A piora das relações entre EUA e China é um ingrediente a mais a ser considerado na equação para calcular os estoques no segundo semestre. Os chineses podem lançar mão de novas aquisições em território nacional, caso cogitem, mais uma vez, pressionar os EUA através da corrente comercial da soja.

Comentários

A competitividade do setor agropecuário brasileiro e abertura de importantes mercados consumidores continuam a estimular a demanda agregada por fertilizantes e colocam o Brasil numa posição estratégica no fornecimento dos insumos. Concomitantemente, a demanda por alimentos e biocombustível se manterão ativas para o ciclo 2020, puxada por estímulos econômicos e defasagem de produção por efeito do COVID-19.

Entre os principais fertilizantes importados pelo Brasil, o MAP e a Ureia registraram crescimento no fluxo das importações no primeiro trimestre de 2020 frente a mesmo período de 2019, com incremento de mais de 40% e de 2% no volume comprado, respectivamente.

Porém, o avanço das aquisições brasileiras acontece num momento de queda nos preços pago em dólar por tonelada naqueles itens. A forte depreciação do Real frente ao dólar em abril chegou a comprometer o volume dos negócios e houve relatos de acomodação e até fragilidade nos preços do MAP e Ureia entre alguns ofertantes pela falta de demanda.

Além do comportamento cambial, a lentidão no fluxo das compras de fertilizantes no Brasil remete o fato de muitos agentes (tradings, misturadoras, cooperativas etc.) já terem efetivados grandes negócios de forma antecipada. Muitas indústrias já liquidaram os principais volumes programados para venda, a ação agora é esperar a volatilidade diminuir.

Preço Agropan

Soja R$

Soja US$

Milho R$

Milho US$

Dólar

96,00

17,35

42,00

7,59

5,5340

Preço trigo

PH

78 acima

75 a 77,99

72 a 74,99

65 A 71

R$/60kg.

53,00

49,03

39,75

33,80

As opiniões contidas neste relatório são pessoais e não representam em hipótese alguma recomendação para compra e/ou venda de contratos nos mercados futuros e/ou físico.

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