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Boletim Diário

04/06/2020

Mercado Externo

Soja atinge sua máxima em três semanas

Os preços dos contratos futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) apresentaram alta, atingindo, mais uma vez, sua máxima em três semanas, sob a influência das demonstrações de vigor da demanda externa pelo grão estadunidense.

O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) confirmou novas vendas de 186 mil toneladas de soja para destinos não revelados, com alta probabilidade de ser para a China, uma vez que inicialmente o próprio USDA confirmou as vendas para o país asiático para depois se corrigir e retirar o destino.

Tamanha demanda pelo grão dos EUA está também relacionada ao arrefecimento das cotações do dólar no mercado de câmbio internacional, o qual formou a tempestade perfeita em favor do país devido ao esvaziamento do movimento de depreciação do real.

Em antecipação ao reporte semanal de vendas externas do USDA, o mercado estima um saldo comercial entre 600 mil e 1,55 milhão de toneladas referente ao período encerrado no dia 28 de maio.

Apesar de tudo, o rali foi impedido pelo clima favorável a uma rápida conclusão do plantio no Meio-Oeste estadunidense.

Dólar

Mercado internacional faz taxa de câmbio arrefecer

A taxa de câmbio continuou arrefecendo, movida pelo movimento global de depreciação do dólar. A evasão de divisas de ativos da carteira estadunidense pode estar relacionada a duas causas: a diminuição da aversão ao risco em decorrência do otimismo acerca do controle da pandemia de COVID-19 e o agravamento de diversos focos de tensão nos EUA, do acirramento da guerra retórica com a China aos protestos que tomam o país.

A divisa estadunidense continuou caindo em relação a cesta das moedas mais líquidas do mundo. O Dollar Index Spot (DXY) postou sua sexta queda consecutiva, indo a 97,6 pontos, sua menor marca desde o fim da primeira quinzena de março. Para tanto, os dados econômicos divulgados ao longo desta quarta-feira foram decisivos.

Dados da China indicaram a recuperação no setor de serviços em maio, ao passo que os números da União Europeia sugeriram que o pior momento da crise socioeconômica provocado pelo COVID-19 já passou, elevando as apostas dos traders numa guinada da atividade produtiva desses países. Em complementariedade, os EUA trouxeram uma queda inferior ao que o mercado esperava para o número de empregos no mercado privado.

No Brasil, a conjuntura continuou mista, composta pela crise entre Judiciário e Executivo, certo otimismo com relaxamento das medidas de quarentena, mas consternação pela probabilidade de o momento se tornar inadequado para a retomada das atividades econômicas.

Mercado Interno

Câmbio seguiu pressionando cotações

As cotações da oleaginosa comercializada no mercado brasileiro continuaram a arrefecer junto com a taxa de câmbio nesta quarta-feira.

Apesar da elevação dos referenciais de Chicago e dos prêmios em níveis recordes para os vencimentos de agosto a outubro, esses componentes da paridade não impediram ajustes negativos de em média R$ 1,00/saca nas praças pesquisadas pela IHS Markit.

A incidência de novos negócios, como poderia se esperar, se já era baixa em decorrência dos reduzidos volumes ainda não comercializados, caiu ainda mais com os preços menos remuneradores oferecidos aos produtores.

A queda do dólar é global e não apenas em relação ao real, o que torna o grão estadunidense mais atrativo no mercado internacional da commodity. Não coincidentemente, o USDA voltou a reportar vendas externas superiores a 100 mil toneladas nos EUA.

Disso se depreende que as movimentações do dia se resumiram a negociações por insumos da próxima temporada e pagamento de débitos contraídos no último ano safra.

Comentários

Segundo o lineup dos portos brasileiros, 10,47 milhões de toneladas de soja estão na programação de embarques para deixar o país em junho, volume superior ao embarcado no mesmo mês do ano passado (8,55 milhões de toneladas) e mais um recorde mensal, caso seja concretizado.

Do total já incluso na programação, 1,3 milhão de toneladas já deixaram o país nos dois primeiros dias úteis do mês, 1,31 milhão de toneladas estão em processo de carregamento, 3,53 milhões de toneladas serão embarcadas em navios já ancorados e, por fim, 4,32 milhões de toneladas encherão navios que ainda chegarão aos portos nacionais.

Dentre os principais destinos estão a China, que deve receber 5,53 milhões de toneladas de soja brasileira em junho; a Tailândia, para o qual os embarques programados são de 204,14 mil toneladas de soja; e Taiwan, que deverá receber 202 mil toneladas de soja no mesmo mês. Cabe mencionar, ainda, que 2,92 milhões toneladas não tiveram seus destinos identificados.

A IHS Markit entende que, ao longo do mês, a tendência é a de que os importadores continuem tentando antecipar a execução contratual de suas compras, de modo a evitar qualquer sobressalto na cadeia de suprimento. Por isso, projeta que os embarques cheguem a 11 milhões de toneladas nesse mês.

Preço Agropan

Preço trigo

As opiniões contidas neste relatório são pessoais e não representam em hipótese alguma recomendação para compra e/ou venda de contratos nos mercados futuros e/ou físico.